Racismo

Apresentador da Globo revela que a mãe foi vendida como escrava

Manoel Soares contou a história da mãe em entrevista

Manoel Soares em entrevista para o 'Quem Pode, Pod'
Manoel Soares em entrevista para o 'Quem Pode, Pod' |  Foto: Reprodução
  

Manoel Soares, de 43 anos, que divide com Patrícia Poeta a apresentação do programa matinal 'Encontro', deu uma entrevista ao 'Quem Pode, Pod', podcast apresentado por Giovana Ewbank e Fernanda Paes Leme, na terça-feira (24), e fez revelações chocantes sobre a história de vida de sua mãe, Dona Ivanete. De acordo com o jornalista, a sua mãe foi escravizada e teve uma orelha cortada. 

O colega de trabalho de Patrícia Poeta contou que sua mãe, de 63 anos, foi vendida como escrava nos anos 1960, quando morava no Recôncavo Baiano (BA), e ainda foi mutilada por seus "donos". 

“A gente está falando de uma mulher que foi vendida e comprada no Recôncavo Baiano, na década de 1960. Imagina que minha mãe foi vendida. E ela viveu essa escravização. Ela tem uma das orelhas cortada porque seus donos rasgaram a orelha dela.", disse Manoel Soares. 

Manoel Soares com sua mãe, Dona Ivanete
Manoel Soares com sua mãe, Dona Ivanete |  Foto: Reprodução
  

O apresentador ainda completou dizendo que se sente especial por ter Dona Ivanete como mãe. “A minha mãe é especial não por ser minha mãe, mas porque é a única pessoa que conheço que viveu a escravização e o Facebook na mesma vida”, disse. 

Além disso, Manoel também comentou outras lembranças do passado, como quando a mãe trabalhou como empregada doméstica e sofreu de violências racistas. 

“Eu me lembro do patrão da minha mãe acochando ela. Me lembro da minha mãe chegando em casa chorando porque a mulher deu um monte de escovas [de dentes] usadas e disse: ‘É só você colocar na água quente e dá para eles [os filhos de Ivanete] usarem’. Minha mãe [chegou] em casa chorando, quebrando as escovas de dentes e no outro dia tendo que ir trabalhar”, disse Soares.

Durante a entrevista, o apresentador também comentou sobre outro assunto bastante debatido entre a população negra, que é a hipersexualização do corpo negro. “Eu hipersexualizei as relações que eu tinha. Qualquer relação. Durante muito tempo eu acreditei que a única forma que eu teria de me aproximar das pessoas era numa relação sexual, não estabelecia uma relação de amizade, tentava estabelecer uma relação de sexo”, contou. 

< Daniel Alves divide cela com brasileiro na Espanha; saiba quem é Cadê o funk? Anitta pode adiar lançamento de álbum <